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“Só conseguimos inovar no que dá para medir”, diz presidente do Inmetro

Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior comenta lançamento do sistema de certificação digital para evitar fraudes em bombas de combustível. Até o fim do ano, consumidores brasileiros poderão verificar a qualidade de produtos com ajuda de aplicativo

Pedro Ícaro*

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), órgão vinculado ao Ministério da Economia, vai adotar um sistema de certificação digital para garantir a qualidade de alguns produtos, principalmente combustíveis, para, inclusive, evitará casos de fraude. O anúncio foi feito pelo presidente do Instituto, Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior, em entrevista ao CB.Poder, programa realizado em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Na entrevista, ele comentou, também, a estratégia do Inmetro para apoiar a inovação e promover a chamada indústria 4.0 no Brasil. Veja aqui os principais trechos:

Qual o papel do consumidor com tanta tecnologia e com a modernização do Inmetro?

A tecnologia dá a possibilidade de empoderar o consumidor, para que ele seja a primeira fonte de informação dentro do sistema. Vamos lembrar do paradigma do Uber. É uma empresa totalmente descentralizada, que não tem um conjunto de fiscais para ver se o negócio está funcionando, mas tem a seu favor o consumidor, que faz avaliação no aplicativo. Estamos desenvolvendo um aplicativo do Inmetro para que o consumidor possa registrar qualquer desconfiança dele e, a partir dessas informações, poder agir na empresa. A previsão é de que o primeiro aplicativo esteja disponível no mercado até o fim do ano.

Há novidades no Inmetro para daqui a dois dias, certo?

Nós fomos certificados pelo Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), órgão da casa civil, para ser a autoridade certificadora de primeiro nível para a certificação digital. Hoje, no Brasil, nós temos a certificação para pessoas, em que a autoridade é a Receita Federal, por exemplo. Temos a certificação de processos pelo Ministério da Justiça e, agora, vai ter uma terceira, que é o dos objetos. O Inmetro vai ser a autoridade que poderá estabelecer normas e dar a certificação digital a qualquer objeto que seja regulamentado pelo Instituto.

Por exemplo, em uma bomba de gasolina, como isso vai funcionar?

A primeira aplicação que estamos visualizando dessa certificação digital é colocar para funcionar um regulamento metrológico feito pelo Inmetro em 2016, que estabelece a necessidade de ter assinatura digital na bomba de combustível para dar confiança à volumetria que está sendo feita. Esse regulamento não tinha entrado em vigor até hoje, por falta de infraestrutura de chave pública para dar suporte a essa assinatura digital. O ITI, em parceria com o Inmetro desenvolveu isso nos últimos anos e, agora, estamos chegando à fase final do projeto.

Do ponto de vista da indústria, uma bomba de gasolina produzida no Brasil passará a ter essa assinatura digital do Inmetro, seria isso?

Exatamente. Hoje, a medição da bomba é feita de forma mecânica, tem uma palheta que vai girando e, nesses ciclos, verifica quanto está abastecendo no carro. Agora, podemos enxergar isso de forma digital. Hoje, há uma fraude sofisticada, em que pegam a placa-mãe da bomba e colocam um chip para fazer uma distorção na volumetria. Vamos assinar digitalmente e, com isso, inibir esse tipo de fraude.

Qual o papel do Inmetro no que se refere a tecnologia e inovação na economia brasileira?

A metrologia é um aspecto fundamental. Só conseguimos inovar no que dá para medir. Todo mundo tem em casa um aparelho de conexão à internet, uma rede wireless e a velocidade de conexão é sempre algo que estamos brigando, querendo medir. A certificação atesta que os produtos têm qualidade.

A indústria 4.0 envolve muitas questões econômicas. E, do ponto de vista transnacional, os consumidores estão ficando cada vez mais globalizados. O Inmetro tem parcerias com institutos internacionais. Por que elas são importantes?

Para ter acesso aos grandes mercados, você tem que demonstrar que o produto tem qualidade e conformidade. Quando você vai importar uma peça de um avião da Embraer, a peça tem que encaixar, ou seja, o centímetro aqui tem que ser o mesmo dos Estados Unidos, na Alemanha, na França, na Índia, seja em que país for. É muito comum a associação de institutos nacionais para que a metrologia e as regras de avaliação de conformidade estejam difundidas.

Qual impacto da evolução na metrologia e outros fatores na economia? Como a economia avança com essa evolução?

Estudos mostram que cerca de 15% de um produto de alta tecnologia, na média, é metrologia. Dispor de um laboratório independente que certifique os produtos é um incentivo para trabalhar inovação, competitividade e reduzir o preço dos produtos.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

Fonte: Correio Braziliense
(foto – crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

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