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Prontuário eletrônico tem implantação lenta na saúde no ABC (SP)

Em Santo André, prefeitura espera concluir a informatização até o final desde ano, com a implantação do prontuário eletrônico em 100% das unidades. (Foto: Helber Aggio/PSA)

Em plena era da informação, a saúde, o calcanhar de Aquiles das administrações municipais, ainda caminha a passos lentos rumo à informatização completa dos seus sistemas e principalmente o prontuário eletrônico, aquele em que os dados do paciente e seu histórico de saúde podem ser acessados de qualquer unidade médica, ainda não está implantado na grande maioria da região. Apenas em São Caetano o histórico dos pacientes é totalmente digital. O orçamento é o maior problema segundo a médica e professora titular de Saúde Coletiva no Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento.

De acordo com a especialista apesar dos avanços consideráveis do SUS (Sistema Único de Saúde) as cidades sentem a dificuldade para implantar sistemas informatizados por falta de recursos ou financiamento. “Os municípios acabam priorizando a contratação de pessoal, a compra de equipamentos e a construção de unidades de atendimento, mas não dá mais para adiar essa informatização que pode ser uma forma de, além de melhorar o atendimento, planejar o sistema de saúde e otimizar os recursos. Um prontuário eletrônico faz com que o médico tenha acesso a todo o histórico de um paciente, sobre quantas vezes ele esteve internado, por quais motivos, quais os medicamentos que toma, isso ajuda muito”, diz Vânia.

Na opinião da professora da FMABC, o ideal seria um sistema nacional totalmente integrado. “Se o paciente está fora da sua cidade ele pode ser atendido e, da mesma forma, o médico tem todas as informações. Teria que ser um sistema gratuito e simples de ser alimentado. O financiamento para a compra de equipamentos também é importante, porque, apesar do SUS, a saúde enfrenta um sério problema de financiamento, defasado em relação a outros países. No Brasil 50% dos recursos da saúde vão para o sistema público e o restante para o privado, mas o privado atende só 25% da população. A demanda está cada vez maior no SUS, porque as pessoas ficaram mais pobres, perderam empregos e com o recurso limitado o gestor prioriza outras coisas e a informatização fica para depois”, analisa a médica.

Para Vânia Barbosa do Nascimento, a prioridade é começar a fazer os agendamentos de consultas online, mas se esbarra na falta de especialistas. “O município pode focar na atenção básica que resolve 80% dos problemas de saúde, depois o ministério da saúde tem como investir recursos na informatização. Hoje cada município tenta resolver a situação do seu jeito e no ABC poderia ser diferente. O Consórcio Intermunicipal poderia ter buscado um sistema, porque compartilhado com sete cidades sairia mais barata essa licitação”, completa a professora da FMABC.

Completo

No ABC somente São Caetano tem o prontuário eletrônico implantado em 100% da sua rede de saúde e isso já acontece desde 2018. Além dos prontuários já funcionam de forma digital serviços como a marcação de consulta através da Central Conectada, há confirmação de consultas por meio do whatsapp desde 2022, o agendamento de vacinas online desde 2021, a Telemedicina e exames à distância foram implantados em 2022 e o Núcleo Interno de Regulação, uma plataforma online para solicitação de leitos hospitalares e transferências de pacientes, funciona desde 2020. A dispensação de medicamentos também é informatizada. “Com os prontuários eletrônicos o profissional de saúde consegue entender melhor o problema do paciente de forma multidisciplinar. Lá ficam registrados todos os atendimentos de diversas especialidades. Para o paciente, agilizou e deu mais segurança, uma vez que ele recebe uma receita clara para ler e seus pedidos podem ser retirados em qualquer UBS.  Além disso, foi possível dimensionar e distribuir melhor os horários de agendamento para os profissionais e seus postos de atendimento; 70% mais rápido pelo fato de não precisar aguardar os pedidos de Consultas e Exames serem transportados por malote das unidades para a central de agendamento, tudo funciona de forma online”, sustenta a prefeitura, em nota. A cidade reserva 2,5% do orçamento da saúde para a informatização do sistema.

Implantando

Em São Bernardo, onde estão cadastrados 1,5 milhão de pacientes na rede pública, 90% das unidades de saúde já estão informatizadas e utilizando o prontuário eletrônico dos pacientes e a prefeitura quer concluir os 10% restantes até o final deste ano. “90% das unidades de saúde contam com prontuário eletrônico, além disso, serviço de farmácia, vacinação, almoxarifado, sala de procedimentos/medicação, curativos, acolhimento, laboratório, odontologia, Agentes Comunitários de Saúde, visitas domiciliares e recepção já estão informatizados. A previsão é que até dezembro deste ano, os demais 10% dos serviços já estejam contemplados. Entre as vantagens da informatização estão: agilidade nos processos de agendamento, cadastramento, controle dos pacientes nas linhas de cuidado, controle dos indicadores do Ministério da Saúde (Previne Brasil), interface com todos os sistemas do ministério (não sendo mais necessário o processamento manual das informações) e melhoria na equidade para a fila de regulação. Os próximos passos de informatização compreendem a instalação definitiva dos serviços de telematriciamento, teleregulação e teleconsulta”, informou o paço de São Bernardo.

Da mesma forma que São Bernardo, Santo André também quer concluir a informatização das suas unidades de saúde e implantar o prontuário eletrônico para todos os pacientes até o final deste ano. O município tem 429.199 pacientes cadastrados. “Santo André iniciou a informatização da rede municipal de saúde em 2018, mas o projeto foi interrompido durante a pandemia da covid-19. Atualmente a cidade conta com 17 estabelecimentos informatizados nos eixos da Atenção Básica, rede especializada e rede hospitalar. A expectativa é alcançar 100% da rede informatizada até o fim de 2023. Além dos prontuários, outros setores e procedimentos que já estão informatizados são recepção, farmácia, gestão de leitos e a regulação municipal. Todos os estabelecimentos de Atenção Básica, da rede especializada e da Saúde Mental que dispensam medicamentos já estão informatizados”, diz informe da administração andreense.

Em Mauá, parte dos 268.667 pacientes cadastrados no SUS já conta com atendimento informatizado. “Atualmente, sete UBSs (Unidades Básicas de Saúde) utilizam prontuário eletrônico: UBS Zaíra I, Macuco, Kennedy, Magini, Carlina, Oratório e Capuava. A  informatização também é utilizada para regulação da agenda de consultas e exames especializados em todas as UBS, Centros de Especialidades, recepção dos serviços e envio de dados de produção em 20 das 23 UBS e nos referidos centros. Na rede de urgência e emergência, 100% das UPAS já funcionam com a recepção, classificação de risco e gestão de leitos informatizados, assim como grande parte dos serviços do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini. A retirada de medicamentos também está informatizada no município. Nas UBSs informatizadas é possível que, dependendo do caso, pacientes já saiam com alguns exames agendados. O orçamento para a informatização da rede de saúde é de R$ 5 milhões por ano. O objetivo é concluir a implantação do prontuário eletrônico em todos os pontos da rede de atenção à saúde e realizar o lançamento do aplicativo, para que os usuários consultem seus agendamentos e a programação de retirada de medicamentos, entre outros serviços”, relata a prefeitura.

Em Diadema a informatização da Saúde também está em andamento. A cidade já conta com vários sistemas digitais os mais recentes colocados em funcionamento no ano passado que são a classificação de risco e o gerenciamento do estoque de medicamentos. “Esses sistemas envolvem diversos setores da Secretaria Municipal da Saúde desde marcação de consultas básicas e especializadas, dispensação de medicamentos, notificação de agravos, atendimentos ambulatoriais, atendimentos pré-hospitalar, atendimento hospitalar, regulação, teleconsultas, registro de vacinação e de nascidos vivos, etc. Em relação ao prontuário eletrônico, o município já conta com o recurso desde 2016 (E-SUS APS), no qual o profissional de saúde tem todo o histórico clínico e as passagens do paciente na rede básica de saúde. O próximo passo é avançar na certificação digital para não ser mais necessário ter os prontuários físicos”, relata a prefeitura de Diadema, em nota.

Ainda sobre Diadema o aplicativo whatsapp já é usado para convocar faltosos para colocar o esquema vacinal em dia. O município também finalizou a entrega de tablets para cada um dos Agentes Comunitários de Saúde e esses equipamentos são utilizados durante as visitas domiciliares e nas atualizações dos dados cadastrais dos usuários. Para 2023, foi orçado o montante de R$ 1.394.250,00 para informatização, além das ações previstas dentro do atual Contrato de gestão e possíveis emendas. Para o futuro, a secretaria de saúde discute um Termo de Cooperação técnica com o Ministério da Saúde para implantação de um sistema hospitalar mais moderno e, por fim, a secretaria faz estudos para, a médio prazo, realizar a implantação de uma plataforma que permita ao cidadão ter na palma da mão informações sobre seus dados pessoais e prontuário eletrônico, e, posteriormente, a possibilidade de marcação de consultas e exames, entre outras funcionalidades.

Analógica

Rio Grande da Serra ainda não conta com prontuários eletrônicos e sistemas informatizados, mas está em processo de compra de equipamentos para isso. Na cidade estão cadastrados 39 mil pacientes na rede municipal de saúde, informou que está em processo de compra para aquisição de computadores com o objetivo de informatizar os prontuários médicos das unidades de saúde. A administração informou que a Central de Vagas, departamento responsável pelo agendamento de consultas médicas e exames referenciados pelos equipamentos estaduais , bem como, as  farmácias das unidades de saúde, estão com seus sistemas informatizados.”Após a finalização do processo de compra de computadores mais procedimentos necessários para a instalação dos mesmos, sendo um destes, a realização de  treinamento dos funcionários. Com a informatização das Unidades de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde espera ser possível obter todo o histórico de saúde do paciente ao alcance de um clique.

A prefeitura de Ribeirão Pires não respondeu.

 

Fonte: Repórter Diário

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