A tecnologia, aliada a uma mentalidade de desburocratização e simplificação, pode recuperar a confiança da população nas instituições públicas. Segundo secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, o governo federal aposta na digitalização de processos e serviços para resgatar essa confiança.
Na abertura da 8ª edição do Seminário Brasil Mais Simples, realizado pelo Sebrae em Brasília, nesta quinta-feira (6/6), Uebel destacou que o Brasil é a quarta maior população conectada do mundo e que “devemos aproveitar essa oportunidade para transformarmos as instituições públicas em verdadeiras plataformas democráticas, de acesso, de inclusão e de transparência”.
Na avaliação de Uebel, o investimento em tecnologia traz retorno rápido e garantido. “Pesquisas mostram que crescimento de 1% em governo digital gera mais de 0,5% de crescimento no Produto Interno Bruto”, informou.
Atualmente, 42% dos 2.897 serviços oferecidos pelo governo federal são digitalizados. O objetivo é agregar a esse universo, pelo menos, mil novos serviços digitais. “A saída é o governo digital”, enfatizou Uebel.
Economia de R$ 6 bilhões
Além da ampliação desses serviços, trazendo mais comodidade aos cidadãos, o governo trabalha em outras três linhas: lançar a identidade digital, cujo projeto piloto está previsto para este ano; unificar canais digitais do governo; e intensificar a integração entre sistemas e bancos de dados.
“São mais de 40 milhões de interações que hoje são feitas pessoalmente e que poderão se tornar digitais”, informa Uebel. Ele estima em R$ 6 bilhões a economia da sociedade e do governo com essa digitalização. “Haverá impacto direto na geração de emprego e renda e na qualificação de mão-de-obra”, acrescentou.
Empreendedorismo
O secretário-adjunto de Governo Digital do Ministério da Economia, Ciro Avelino, disse no Seminário Brasil Mais Simples que o governo não pode ser um obstáculo para o empreendedor brasileiro, por isso precisa tirar amarras para permitir a produtividade do povo brasileiro e o crescimento da economia.
“Não podemos enxergar a inovação como pura e simplesmente a aplicação de tecnologia de forma massiva e intensiva nos processos, temos que entender que transformação digital é adequar a prestação de serviços públicos à realidade e à expectativa de uma sociedade que já é digital e que mudou os seus hábitos a partir do uso da tecnologia”, disse.
Realizado em Brasília nos dias 6 e 7 de junho, o seminário reuniu empreendedores e representantes das juntas comerciais de todos os estados brasileiros e dos governos federal, estadual e municipal para apresentar e discutir as inovações e também os desafios no ambiente empresarial brasileiro.
Transformação digital é capaz de resolver crises fiscal, de qualidade de serviços e de confiança
“Não é preciso inventar nada novo para promover a transformação digital do governo”, afirmou o secretário de Governo Digital do Ministério da Economia, Luis Felipe Monteiro, ao público do 5° Fórum IBGP de Governança de TI, realizado até a próxima sexta-feira (7/6), em Brasília. Ele apontou que um dos meios de transformar o governo em digital é capacitar pessoas. Outro, também muito efetivo, é fazer parcerias com o setor privado.
Luis Felipe destacou que é preciso ter equipes qualificadas e defendeu que os profissionais que estão no serviço público façam parte dessa jornada de transformação digital. O secretário apontou que essa jornada é capaz de resolver as três maiores crises que temos no país: fiscal, de qualidade de serviços e de confiança nos governos.
“A velocidade da inclusão digital da população brasileira é muito mais acelerada do que a capacidade do governo de produzir serviços e políticas públicas usando tecnologia”, alertou o secretário. “Por que não, então, tornar o governo uma plataforma digital e, por meio da oferta de serviços públicos digitais, conseguir atingir a expectativa do cidadão?”, provocou Luis Felipe.
O problema, na visão do secretário, é que a transformação digital do governo não se dá com a assinatura de um papel ou a sanção de uma lei: “São milhares de projetos, dezenas de pessoas que têm que se engajar em cada um dos processos e rotinas de trabalho. Por isso é tão desafiador”.
Na opinião de Luis Felipe, o governo brasileiro tem baixa cultura digital. Então, precisa se educar e conhecer o digital tanto quanto conhece economia, trabalho, educação e direito. Em 2020, adiantou o secretário, “a partir das reformas estruturais deste ano, teremos abertura para remodelar o poder público e ter uma carreira que trabalhe os elementos-chave de gestão no governo, entre elas a gestão de tecnologia”.
Fonte: Ministério da Economia