Apesar do momento difícil no mercado de capitais brasileiro, a Valid concluiu sua oferta de ações com esforços restritos, a primeira realizada na bolsa brasileira desde a autorização do uso desse procedimento pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a venda de ações, há um ano. A Valid, que atua nos ramos de sistemas de identificação, meios de pagamento, telecomunicações e certificação digital, iniciou a operação um dia antes da perda do grau de investimento pelo Brasil. A empresa captou R$ 396 milhões com a venda de 9 milhões de ações a R$ 44 cada uma. Ontem, os papéis subiram 6,12%, para R$ 46,80. Os recursos serão usados para a compra da dinamarquesa Fundamenture, que tem como carrochefe a produção de chip para smartphones (SIM cards). A aquisição marca o início das operações da Valid na Europa, Ásia e África. A empresa já está no Brasil, Estados Unidos e América do Sul. A Valid tem mostrado boa trajetória na bolsa e o sucesso da oferta mostra o apoio de seus acionistas aos planos da empresa de internacionalização. Na prática, a oferta de ações com esforços restritos funciona para empresas já listadas em bolsa como um aumento de capital simplificado. A vantagem é que a captação pode ser mais rápida. Quando chama um aumento de capital, a empresa precisa conceder 30 dias de direito de preferência na operação para os atuais acionistas. Na oferta com esforços restritos, esse prazo é de apenas 5 dias. A Valid precisou de 14 dias para concluir a captação. A operação foi coordenada por Itaú BBA, Bradesco BBI e BofA Merrill Lynch. Por conta do bom momento da empresa, era esperado que a oferta fosse suportada pelos atuais acionistas da companhia, restando pouco para ser absorvido pelo mercado. Os custos da Valid na operação somaram R$ 23 milhões, ou 5,8% do total da oferta. Nas operações com esforços restritos não há previsão para colocação de lotes extra ou suplementar. Há um ano, a CVM permitiu essa “oferta expressa”, já muito usada para debêntures, também para a venda de ações. Nesse desenho, a oferta não é registrada na autarquia e um ponto principal é que pode ser concluída mais rapidamente do que uma operação pública. No Brasil, no máximo 70 investidores podem ser visitados e até 50 entram efetivamente na operação. Para o investidor estrangeiro a CVM não impôs limite de participação, devendo os estruturadores da operação observar as regras para esse tipo de oferta em cada país. A oferta não é direcionada ao varejo, apenas ao investidor qualificado, aquele que tem pelo menos R$ 1 milhão em investimentos. Isso elimina, por exemplo, a necessidade do calhamaço do prospecto da distribuição. No momento, há outra oferta de ações com esforços restritos no mercado, da General Shopping, que deverá ter seu preço fechado dia 30.
Fonte: Valor Econômico