Empresas querem convênios por biometria

Setor abre diálogo com órgãos estaduais de identificação para uso de base de dados em verificações de segurança; parceria baratearia contratação de ferramentas de combate a fraudes


Dedo da verdade: empresas querem facilitar identificação do cliente

Foto: Dreamstime

São Paulo – O uso de dados biométricos sob tutela do governo para fins de validação de identidades deve baratear a tecnologia e popularizar o artifício no País. Para viabilizar a alternativa, empresas do segmento buscam interlocução com órgãos de segurança estaduais.

Hoje, empresas interessadas na verificação biométrica para prevenção de fraudes precisam investir boas somas na coleta e no armazenamento de digitais – algo feito por alguns dos maiores bancos brasileiros. Enquanto isso, empresas como a Certisign – que desde 2014 possui um braço voltado para a certificação biométrica, a Certibio – vislumbram a possibilidade de utilizar, amparadas pela Política de Dados Abertos, informações já armazenadas pelos institutos de identificação estaduais.

“Estamos estabelecendo contato com institutos de cada estado e apresentando a tecnologia. Há muito interesse, mas a particularidade de cada um vai definir quanto tempo o processo vai demorar”, diz o diretor de Certibio, Igor Rocha, lembrando que um diálogo já está em curso com o Conselho Nacional dos Diretores de Órgãos de Identificação (Conadi).

Em março, o Distrito Federal deu o primeiro passo para a exploração das informações ao publicar decreto permitindo a utilização das mesmas. A regulamentação da prática será realizada pela Polícia Civil do Estado em breve. Outras localidades, como o Rio Grande do Sul, estão prestes a seguir o mesmo caminho.

“Além de haver demanda de mercado pela solução, o serviço geraria receita para os estados, já que eles receberiam remuneração da iniciativa privada”, afirma Rocha. Segundo estimativa, o preço de cada consulta para o cliente final ficaria entre R$ 0,60 e R$ 3, dependendo do volume.

Segurança

“O que se propõe é uma forma de se certificar que aquela pessoa que está se apresentando como requerente seja realmente quem ela diz que é através de uma simples consulta de falso ou verdadeiro”, explica o presidente-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia e Identificação Digital (Abrid), Celio de Siqueira Ribeiro. Segundo o setor, a finalidade única do uso e a garantia de anonimidade dos dados não gerariam nenhum tipo de ônus à segurança das informações reveladas.

No caso, a maior barreira para o avanço da ferramenta é a pulverização dos dados em 27 órgãos diferentes. De acordo com Ribeiro, a criação de um Registro de Identidade Civil nacional já está prevista por lei, mas ainda não saiu do papel. Estados como o Rio de Janeiro já possuem uma base única de dados, mas a prática ainda não é comum.

Liliana Lavoratti

DCI  14/06