Escapar das filas, evitar gastos com gasolina, estacionamento ou condução e poder comparar os preços e as características dos produtos de forma rápida. Esses são apenas alguns dos motivos pelos quais o comércio eletrônico não para de crescer. De acordo com a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), o e-commerce nacional fechou 2014 com faturamento de R$ 39,5 bilhões. Para este ano, a expectativa é de que o setor movimente R$ 49,8 bilhões, um crescimento de 26%, em relação ao ano passado. Entre as categorias mais vendidas pela web estão moda, eletrônicos, informática, saúde e beleza e eletrodomésticos.
O Brasil conta com 450 mil comércios eletrônicos ativos, segundo pesquisa encomendada pelo PayPal à BigData Corp. O número se refere ao total de sites que responderam a cliques em 1º de março, data do último monitoramento realizado pela empresa. O levantamento revela ainda que 81% desses e-commerces se baseiam em um modelo de comércio focado, que oferece ao consumidor até dez produtos. Além disso, 50% dos sites são de empresas baseadas em São Paulo. Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro concentram cerca de 7% cada. Pequenos sites se destacam: 88% recebem até 10 mil visitas mensais, 11% recebem entre 10 mil e 500 mil visitas mensais e menos de 1% supera a marca de meio milhão de visitas por mês.
O sucesso do varejo online resiste até mesmo à crise financeira e se resume em apenas uma palavra: facilidade. “O comportamento do consumidor pode ser atribuído à praticidade para se realizar compras pela internet, haja visto que não se despende tempo para se deslocar até uma loja, estacionar o veículo ou pegar o transporte público e sair procurando lojas. Outro ponto: os preços são competitivos e muitas vezes abaixo do mercado tradicional físico por uma questão de custos operacionais”, explica Fabrício Murakami, diretor operacional da ProSign IT, empresa de sistema de autenticação.
A estilista de São Bernardo, Lilian Vieira, 39 anos, é uma consumidora virtual assídua. Há mais de cinco anos ela tem o hábito de fazer compras e pagamentos pela internet justamente por conta da comodidade que ela traz. “Poupo tempo, não preciso me locomover, pegar trânsito. O que eu puder fazer pela internet, eu faço. Realizo pagamentos bancários, compro cápsulas de café todo mês, além de artigos de moda, livros e CDs”, conta.
Nem tudo, entretanto, são flores. Para Lilian, comprar virtualmente pode apresentar algumas desvantagens. “Às vezes o produto não é o que se espera. Por isso, pesquiso bastante. Se não conheço o site ou produto, não compro, a não ser que ele seja muito barato e a perda seja insignificante.”
A estilista diz não ter receio de efetuar transações virtuais. Ela afirma que já foi vítima de fraude, há um ano, porém acredita que ela tenha ocorrido em loja física, por meio dos chamados “chupa-cabras”. “Hoje em dia todo mundo está vulnerável em qualquer lugar. Mesmo que eu tivesse sido vítima de alguma ação de criminosos na internet, não deixaria de comprar”, assegura.
Perigos, de fato, existem e devem ser levados em conta. “Há riscos de os dados pessoais e de pagamento (número do cartão, por exemplo) serem interceptados e utilizados em fraudes. Compras serem feitas em sites fraudulentos e os consumidores nunca receberem os produtos. Esses perigos, no entanto, não são muito diferentes de fazer uma transação na padaria da sua esquina, porém para cada tipo de uso você deve ter seus cuidados”, afirma Daniel Bento, diretor de meio de pagamento da ABComm.
Para minimizar esses riscos, a ProSign IT, por exemplo, desenvolveu uma plataforma de dupla certificação digital. “Funciona com dois canais distintos: primeiro o computador do usuário e depois seu celular. Dentro do celular deverá ser instalado previamente um aplicativo que irá ler o código QR gerado no site acessado através do computador e enviará as informações de login para um servidor através da internet do celular. Se essas informações forem autenticadas positivamente, o site no qual o usuário pretende se logar fará a autorização automaticamente no site acessado”, explica o diretor operacional. “Isso por si só invalida a necessidade do usuário ter que digitar suas informações de login e senha no computador, fazendo com que a captação dessas informações, seja através de programas maliciosos ou invasão de algum tipo de hacker, seja um ato impossível de ser roubado”, completa. Para que o consumidor final esteja protegido, instituições bancárias, sites de e-commerce e outros tipos de sites precisam implantar essa ferramenta e disponibilizar gratuitamente o aplicativo para os usuários.
Além desse tipo de tecnologia, que deve ser cada vez mais cobrada pelo consumidor, outras medidas devem ser tomadas para assegurar ainda mais a segurança na hora da aquisição. “Comprar em sites que usam o ”cadeado” na barra inferior do browser, pesquisar a reputação da loja na internet e usar o seu cartão de crédito para comprar. Ao contrário do que muita gente imagina, o cartão de crédito é o meio mais seguro de comprar online, e essa garantia é dada pelo seu banco no caso do seu cartão sofrer algum tipo de uso indevido. O banco é seu grande escudo caso algo de errado aconteça você deve procurar e relatar o que ocorreu para receber de volta seu dinheiro”, orienta Bento, que completa: “mantenha os computadores com antivírus atualizados, nunca clique em links em e-mails de bancos que pedem senhas, somente entre no site do banco digitando o endereço direto no navegador”.
Bancos – As instituições financeiras têm incentivado seus correntistas a efetuarem transações pela internet. Para tanto, têm se esforçado para tornar os site seguros. “O setor bancário destina cerca de 10% dos investimentos anuais em tecnologia da informação – aproximadamente R$ 2,1 bilhões – em ferramentas a fim de evitar possíveis tentativas de fraudes, além de garantir a confidencialidade dos dados dos clientes e a eficiência no uso dos canais eletrônicos”, afirma, em nota a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Segundo a federação, o desafio dos bancos é desenvolver formas de identificação e autenticação que impossibilitem as fraudes sem dificultar o acesso aos serviços. Dentre elas, o acesso biométrico (com digital, por exemplo) e as transações na internet autorizadas pelo celular.
A Febraban alerta ainda para a engenharia social que facilita as fraudes. “O cliente é induzido a informar seus códigos e senhas para os estelionatários, além de não adotar as medidas recomendáveis de segurança nos seus equipamentos, como antivírus, sistemas operacionais legítimos, firewall etc. Por meio da exploração da curiosidade ou da ingenuidade dos usuários da internet, os criminosos conseguem instalar programas clandestinos nos seus computadores.”
Marília Montich
Do Diário OnLine