Contra projeções, certificação deve crescer

Expectativas apresentavam cenário favorável para setor apenas em 2016, mas com a inclusão de novas obrigações fiscais, demanda segue aquecida à medida que ferramenta vira “diferencial”

Mesmo com um 2014 relativamente fraco, que motivou projeções modestas para o mercado de certificação digital ao longo deste ano, 2015 deve ser positivo para as empresas do setor. Sinal disso é a projeção da Associação Nacional de Certificação Digital (ANCD), que espera uma expansão de até 20%.

A expectativa é maior que o crescimento de 6,8% registrado em 2014 – algo que, para os empresários, tem ligação com o momento do País. “Estamos passando por um ano muito melhor do que o esperado”, afirmou o vice-presidente da Certisign, Julio Cosentino. “Alguns fatores levam a isso. Um é o número de pessoas que se arriscam no empreendedorismo, que aumenta em momentos de crise”, completa.

Segundo o executivo, na Certisign cerca de 20 mil certificados mensais são emitidos para empresas debutantes, permitindo que operações como a emissão de nota fiscal e assinatura de contratos sejam realizadas eletronicamente e de forma autenticada.

Opções

É visando esse tipo de mercado que as certificadoras passam a apostar em pacotes voltados para o universo das PMEs. A Boa Vista SCPC – que projeta uma expansão de 50% para o ano – oferece um certificado digital do tipo e-CNPJ especial para empresas de pequeno porte ou microempreendedores individuais, com validade de 18 meses. “É natural que novas empresas tenham interesse em explorar esse segmento”, como avalia o superintendente de estratégia da empresa, Pablo Nicolas Nemirovsky.

Diversificar a oferta também é tática da Certisign. “Temos produtos voltados para a pequena empresa, com preços diferenciados, a partir de R$ 199,00″, conta Cosentino.

Redução de custos

De acordo o setor, o aumento da procura por meio das empresas de menor porte não é o único propulsor de demanda: a necessidade de reduzir custos, muito importante em momentos de oscilação econômica, também aumenta a procura do serviço.

Outro fator importante é uma espécie de “efeito dominó” ocasionado pela adoção quase que integral da tecnologia por parte de empresas de grande porte. “Este ano fechamos com a Fiat, que passou a utilizar nossos portal de assinaturas “, exemplifica Cosentino, da Certisign. “Quantos fornecedores a Fiat têm? Milhares. A partir do momento que uma empresa desse tamanho informa que só assinará contratos por meio da certificação, ela praticamente obriga as menores a utilizarem também”, avalia o executivo.

A percepção do mercado é que, com o tempo, as menores – que ainda não são obrigadas por lei a adotar a ferramenta – percebam as vantagens que a tecnologia pode trazer. “O que antes era uma obrigação agora passa a ser um diferencial”, analisa Consentino.

Legislação

Como empresas de todos os tamanhos devem atravessar um processo de adequação ao Sistema Público de Escrituração Contábil (Sped) em 2016, uma vez que o regime passará a ser obrigatório, a expectativa das certificadoras é de muita procura nos próximos meses. “Vai ser um período de grandes desafios”, avalia Cosentino.

Na Boa Vista, as mudanças fiscais já impactaram inclusive a procura durante o primeiro semestre desse ano. “Já tivemos uma grande movimentação nos meses de maio e junho por conta da entrega do SPED Contábil”, conta Nemirovsky.

Henrique Julião

Fonte: DCI – 14/07