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Certificação digital busca novos caminhos

Por Gustavo Brigatto | De São Paulo  | Valor Econômico

Desde sua criação, em 2001, o certificado digital tem evoluído no Brasil devido às exigências estabelecidas pelo governo. O certificado é uma espécie de identidade eletrônica para pessoas físicas e jurídicas, e passou a ser requerido no envio de declarações à Receita Federal e no acesso, por instituições de ensino, ao sistema do Programa Universidade para Todos (Sisprouni), entre outros exemplos.

Agora, com cada vez menos espaço para o governo criar novas exigências e com o barateamento da tecnologia, as empresas que vendem certificados, as certificadoras, estão buscando novos modelos de uso para estimular os negócios.

“Acabou essa história de o governo criar uma obrigação. Cada um tem que achar o seu nicho de atuação”, diz Gastão Ramos, que desde abril do ano passado preside o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão do governo federal responsável pela infraestrutura por trás da certificação digital e pela definição das regras de funcionamento desse mercado.

Barreiras históricas que sempre restringiram o mercado – como preço, dificuldade de uso e restrições às circunstâncias de uso dos certificados – estão sendo superadas pelo avanço da tecnologia. Os documentos eletrônicos já podem ser instalados em celulares, por exemplo, o que dispensa a necessidade de carregar um leitor e um token para todo lado, ao mesmo tempo em que computação em nuvem reduz os custos.
As certificadoras também mudaram a forma de vender o produto. Ao invés de oferecê-lo como item isolado, passaram a integrá-lo em iniciativas mais amplas, como a revisão dos fluxos de documentos dentro de uma companhia. Projetos de internet das coisas (IoT) também podem usar a certificação para garantir a identidade dos dispositivos conectados à rede.

“Será um mercado bastante diferente em dois anos”, diz Júlio Mendes, diretor comercial da certificadora Soluti. Os certificados na nuvem vão aumentar o interesse das empresas ao facilitar a integração com sistemas já em funcionamento, e ao reduzir o preço final em até 75%. Hoje, um certificado custa na faixa de R$ 200, com validade de três anos, bem menos que há alguns anos, quando esse valor correspondia a um ano de validade.

Para começar a vender no modelo de nuvem, a Soluti aguarda liberação do ITI, cuja estimativa é ocorrer até outubro.

De acordo com Henri Sternberg, diretor de negócios corporativos da Certisign, outra certificadora, o uso pelas empresas vem crescendo nos últimos quatros anos, com destaque para setores como o de saúde, devido ao interesse no uso de sistemas de prontuário eletrônico, e o financeiro.

Na Serasa, um birô de crédito que também emite certificados digitais, essa nova forma de trabalhar começou a tomar forma no começo do ano passado, quando a empresa contratou Mauricio Balassiano para liderar sua divisão de identidade digital. O executivo, que trabalhou 16 anos na Certisign, conhece o mercado de certificação desde seus primórdios e foi um dos responsáveis por levar a Certisign ao posto de maior emissora de certificados digitais do país.

Entre as novidades criadas pela Serasa está um sistema de assinatura de documentos para uso interno nas empresas e uma ferramenta de autenticação de usuários para sites, que pode ser usado para acessar sites de comércio eletrônico.

“A certificação digital estrutura a criação de dados dentro de uma empresa, o que ajuda a promover outros produtos da Serasa. É uma alavanca que pode impulsionar novas oportunidades”, diz Balassiano.

De acordo com Márcio Nunes, diretor geral da Valid Certificadora, as empresas têm recebido bem essa abordagem ampliada.

“Elas perguntam ‘por que demorou tanto’?”, diz. Segundo o executivo, a Valid tem estudado a aplicação da tecnologia no mundo de IoT e desenvolvido um formato de venda de certificados com pagamento por transações feitas, que seria uma boa opção para companhias que não fazem um uso tão frequente dele. “Essa mistura de ofertas cria o modelo que ajuda a massificar a adoção”, afirma Márcio Nunes.

Atualmente, o Brasil tem cerca de sete milhões de certificados digitais ativos, sendo 60% emitidos para empresas e o restante para pessoas físicas. Nesse último grupo incluem-se, por exemplo, microempreendedores que precisam se relacionar com o governo e profissionais como advogados, que acessam processos eletrônicos.

No acumulado deste ano, até agosto, foram emitidos 2.978.662 certificados no Brasil, um aumento de 23,5% em relação aos 2.412.145 do mesmo período do ano passado, segundo o ITI. O número inclui os certificados novos e as renovações – os certificados têm validade de um a três anos dependendo do modelo contratado.

A Certisign lidera a atividade com uma fatia de 18,72% do mercado. Na sequência vem a Soluti, com 17,32%. Serasa, Valid e Safeweb completam a lista dos cinco principais nomes, com participações de 9,73%, 9,26% e 6,10%, respectivamente.

Fonte: Valor Econômico

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